Saturday, April 28, 2012

SORO

Este texto li após errar uma questão da prova de biologia sobre a diferença entre soro e vacina. (Por: Valdemir Mota de Menezes, o Escriba)


Soro

Soro

Aplicação e tipos de soros:

Os mais conhecidos soros são os antiofídicos, que neutralizam os efeitos tóxicos do veneno de animais peçonhentos, por exemplo, cobras e aranhas. No entanto, há soros para o tratamento de doenças, como difteria, tétano, botulismo e raiva, e são produzidos também soros que reduzem a possibilidade de rejeição de certos órgãos transplantados, chamados de Anti-timocitários.

Quando uma pessoa é picada por um animal peçonhento, o soro antiofídico é o único tratamento eficaz. A vítima deve ser levada ao serviço de saúde mais próximo, onde receberá o auxílio adequado. Para cada tipo de veneno há um soro específico, por isso é importante identificar o animal agressor e se possível levá-lo, mesmo morto, para facilitar o diagnóstico.

A produção do soro é feita geralmente através da hiperimunização de cavalos. No caso do soro antiofídico, é extraído o veneno do animal peçonhento e inoculado em um cavalo para que seu organismo produza os anticorpos específicos para aquela toxina. Esse animal é o mais indicado para a atividade devido à facilidade de trato, por responderem bem ao estímulo da peçonha e pelo seu grande porte, o que favorece a fabricação de um grande volume de sangue rico em anticorpos.

Após a formação dos anticorpos, são retirados em torno de 15 litros de sangue do animal. A parte líquida do sangue, o plasma, rico em anticorpos passa por alguns processos de purificação e testes de controle de qualidade, para daí então estar pronto para o uso em humanos. As hemácias, que formam a parte vermelha do sangue, são devolvidas ao animal através de uma técnica de reposição para reduzir os efeitos colaterais provocados pela sangria.

O soro para o tratamento de doenças infecciosas e para prevenir a rejeição de órgãos também é obtido por processo semelhante. A única diferença está no tipo de substância injetada no animal para induzir a produção de anticorpos, que na maioria dos casos é alguma parte da própria bactéria ou o vírus inativado.

O Instituto Butantan é responsável por cerca de 80% dos soros e vacinas utilizados hoje no Brasil. Veja abaixo alguns soros produzidos pelo Instituto e distribuídos pelo Ministério da Saúde a todo o país.

Antibotrópico - para acidentes com jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca, cotiara.
Anticrotálico - para acidentes com cascavel.
Antilaquético - para acidentes com surucucu.
Antielapídico - para acidentes com coral.
Antiaracnidico - para acidentes com aranhas do gênero Phoneutria (armadeira), Loxosceles (aranha marrom) e escorpiões brasileiros do gênero Tityus.
Antiescorpiónico - para acidentes com escorpiões brasileiros do gêneroTityus.
Anilonomia - para acidentes com taturanas do gênero Lonomia.
Anti-tetânico - para o tratamento do tétano.
Anfi-rábico - para o tratamento da raiva.
Antifidiftérico - para tratamento da difteria.
Anti-botulínico "A" - para tratamento do botulismo do tipo A.
Anti-botulínico "B" - para tratamento do botulismo do tipo B.
Anti-botulínico "ABE" - para tratamento de botulismo dos tipos A B e E.
Anti-timocitário - usado para reduzir as possibilidades de rejeição de certos órgãos transplantados.





A Produção de Soro

Os soros são utilizados para tratar intoxicações provocadas pelo veneno de animais peçonhentos ou por toxinas de agentes infecciosos, como os causadores da difteria, botulismo e tétano. A primeira etapa da produção de soros antipeçonhentos é a extração do veneno - também chamado peçonha - de animais como serpentes, escorpiões, aranhas e taturanas. Após a extração, a peçonha é submetida a um processo chamado liofilizacão, que desidrata e cristaliza o veneno. A produção do soro obedece às seguintes etapas:

1.O veneno liofilizado (antígeno) é diluído e injetado no cavalo, em doses adequadas. Esse processo leva 40 dias e é chamado hiperimunizacão.

2.Após a hiperimunizacão, é realizada uma sangria exploratória, retirando uma amostra de sangue para medir o teor de anticorpos produzidos em resposta às injecões do antígeno.

3.Quando o teor de anticorpos atinge o nível desejado, é realizada a sangria final, retirando-se cerca de quinze litros de sangue de um cavalo de 500 Kg em três etapas, com um intervalo de 48 horas.

4.No plasma (parte líquida do sangue) são encontrados os anticorpos. O soro é obtido a partir da purificação e concentração desse plasma.

5.As hemácias (que formam a parte vermelha do sangue) são devolvidas ao animal, através de uma técnica desenvolvida no Instituto Butantan, chamada plasmaferese. Essa técnica de reposição reduz os efeitos colaterais provocados pela sangria do animal.

6.No final do processo, o soro obtido é submetido a testes de controle de qualidade:

6.1. atividade biológica - para verificação da quantidade de anticorpos produzidos;
6.2. esterilidade - para a detecção de eventuais contaminações durante a produção;
6.3. inocuidade - teste de segurança para o uso humano;
6.4. pirogênio - para detectar a presença dessa substância, que provoca alterações de temperatura nos pacientes;
6.5. testes físico-químicos.

Autoria: Roberto M. Goulart

No comments:

Post a Comment